O maravilhoso bistrô francês, refrescado por um Pinot Grigio

Um sabiá cantarolava sobre um galho da jabuticabeira e o sol aquecia o ar no fim de tarde de uma terça-feira comum. Nada de diferente, pessoas retornando do trabalho, carros passando de um lado a outro. A mesma rotina, exceto pelo fato de eu estar sentada em um terraço com um livro no colo, viajando junto com a personagem.

Pensou em suicídio, pulou de uma ponte e caiu no Sena. O suor brotou em minha testa, parte pelo calor, parte com receio que ela fosse morrer logo no primeiro capítulo. No entanto, o frescor do vinho diminui a temperatura e Marianne é salva por alguém e na sequência, acontecimentos ao acaso fazem com que ela vá para um lugar da França, onde nunca esteve e só conhece através da pintura no azulejo furtado que carrega na bolsa. 

Ao meu lado, a mesinha de ferro suporta um balde cheio de gelo, onde uma garrafa de Pinot Grigio descansa suada. A taça exibe a coloração dourada, de onde exalam aromas de flores silvestres e tangerina. Mais um gole no vinho e seguimos viagem até o porto de Kerdruc, noroeste da França. 

Neste ponto, tenho vontade de entrar pelas páginas do livro, carregando o vinho comigo, e sentar em um banco para apreciar os barcos balançando ao ritmo das águas.

O sol banha os prédios de dourado, nem me lembro que estou na grande metrópole. Respiro fundo e posso até sentir o aroma da maresia, misturado à mineralidade presente no vinho, que me remete ao litoral através das páginas do livro, sem nem precisar sair do lugar. 


Livro: Maravilho bistrô francês, Nina George.