por Katia Parente
Ao abrir um livro, deixe seus pensamentos voarem com a história, permita-se viver aquilo como se fosse seu.
Publiquei nas redes sociais o evento, esperando apenas amigos próximos e familiares, já que seria o primeiro Sarau Literário do Cabernet Literário.
Coração acelerado, expectativas, ansiedade.
O livro que escolhi para ser tema do sarau foi o Em busca da fotografia perfeita, meu primeiro romance. Ali deixei muito de mim, como costumo comentar, praticamente “vomitei” o livro, pois quando veio, veio pronto. Só quem me conhece bem consegue descobrir, portanto, todos que estariam presentes no dia, descobririam.
Pedi que levassem seus livros e separassem os trechos que gostaram para ler na hora e depois discutiríamos sobre o assunto.
Chega o tão esperado dia. Me arrumo, carrego o carro com as caixas de livros que eu levei para vender lá e sigo para o Brazzucas Wine Bar, que me recebeu de portas abertas, embora a sala onde eu faria o evento estivesse lotada de gente comendo feijoada.
Fiquei tensa, ainda queria fazer uma live curta para interagir com aqueles que não poderiam ir, então cumpri meu cronograma, enquanto os garçons e o dono do lugar, remanejavam os convidados do almoço para outra área. Continuariam com sua feijoada na área externa.
Tudo pronto, vinho na taça, chegam os inscritos. Inclusive algumas pessoas que eu não conhecia, o que foi uma bela surpresa.
Começamos tímidos (ainda não haviam bebido), as taças cheias, grandes amigos, meus pais, pais de amigos.
Leio o texto de introdução, harmonizando o Em busca da fotografia perfeita com um vinho tinto e abro os trabalhos.
Um grande amigo, com quem eu já havia combinado antes, toma a iniciativa e lê um trecho, comentando sobre a coincidência de Maria ter recebido a revista do seu cliente, falando sobre uma viagem para fotógrafos. Será tudo predestinado?
Em seguida, duas moças que eu não conhecia, além de comprarem o livro e lerem se preparando para o dia, fizeram seus comentários. Estavam estudando algo sobre constelação familiar e fizeram conexões com a história que eu nem imaginava. Em pouco tempo, comentários sobre misticismo, força do universo, coragem e outros assuntos “ocultos”, tomam conta da sala.
As taças são esvaziadas e todos se soltam, colocando suas opiniões, suas reflexões e parte de suas vidas.
Os monstros que Maria precisou enfrentar para atingir seu objetivo e como eles aparecem sempre em nossas vidas, tentando nos boicotar, foram o tema principal. Afinal, todos temos algum monstro em nossos caminhos.
Onde estão esses monstros? De onde eles vêm?
Em instantes, tudo fluiu. Perguntas do tipo “de onde você tira suas ideias?” foram poucas, as melhores foram aquelas do tipo “Existem coincidências? Tudo está interligado? O que a vida nos reserva?”
As leituras que fazemos refletem nosso momento, ou nós interpretamos as ideias do livro de acordo com nosso momento e isso é muito positivo. Eu pude sentir esta verdade com aqueles comentários e com a forma que me sentia enquanto escrevia aquela história e depois, quando a revisei para a segunda edição. Foi o meu momento de vida e acho que transmiti isso para os leitores, mesmo aqueles que não me conheciam.
De fato, como Mawe, o piloto do barco fala ao deixarem o píer: “Tudo tem a hora certa, até mesmo levantar âncora.”
E assim é a vida. Um Sarau Literário foi quase uma terapia em grupo, despertando emoções e reflexões que poderão ser exploradas em outros momentos de leitura, de outros livros.
Esta é a essência do Cabernet Literário. Tomar um bom vinho em companhia de pessoas agradáveis, falando sobre os livros e o que eles trazem para a nossa vida.
Saúde!